sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Leituras sugeridas por...

E quem não se lembra do poema de Carlos de Oliveira “Xácara das bruxas dançando” interpretado pelos Trovante?


XÁCARA DAS BRUXAS DANÇANDO

Era outrora um conde
que fez um país,
com sangue de moiro,
com laranjas de oiro,
como a sorte quis.

Há bruxas que dançam
quando a noite dança,
são unhas de nojo
são bicos de tojo,
no tambor da esperança.

Ventos sem destino
que dizeis às ramas?
Desgraça  bramindo
é a nós que chamas.

No país que outrora
um conde teceu,
as laranjas de oiro
são bruxas de agoiro
e fúrias do céu.

Anda o sol de costas
e as bruxas dançando
e os ventos do norte
sobre nós espalhando
as tranças de morte.

As estrelas mortas
apagam-se aos molhos:
vem, lume perdido,
florir-nos nos olhos.

II

Ama, estás ouvindo
a história que vou contando?
Ó ama pátria dormindo
desde quando?

Desde tempos e memórias,
desde lágrimas e histórias,
desde raivas e glórias,
agora te estou chorando
e tu dormindo
até quando?

As bruxas andam lá fora
e eu chorando
versos do país de outrora.

Dançam bruxas a ganir
de mãos dadas com o vento.
Ama, acorda; sopra o lume;
e não me deixes dormir
na noite do pensamento.

III
Ó castelos moiros,
armas e tesoiros
quem vos escondeu?
Ó laranjas de oiro,
que ventos de agoiro
vos apodreceu?

Há choros, ganidos,
à luz da caverna
onde as bruxas moram,
onde as bruxas dançam
quando os mochos amam
e as pedras choram

Caravelas, caravelas
mortas sob as estrelas
como candeias sem luz
E os padres da inquisição
fazendo dos vossos mastros
os braços da nossa cruz

As bruxas dançam de roda
entre o visco dos morcegos,
dançam de roda raspando
as unhas podres de tojo
na noite morta do povo
como num tambor de rojo.



IV

E o tempo murchando
a luz de idos loiros.
Ama, até quando
estaremos chorando
os castelos moiros?

Lá vão naus da Índia,
lá se vão tesoiros.
E as bruxas dançando
e os ventos secando
as laranjas de oiro.

Ama até quando?

Na noite das bruxas
o lume no fim
e o vento ganindo.

Amas,  estás ouvindo?

O lume no fim
e os homens dispersos.

Ama, tens frio;
cinge-te a mim
e aquece-te ao lume
queimando os meus versos.

Carlos de Oliveira, “Turismo”, 1942

Leituras sugeridas por...

Hoje,  31 de Outubro, na BECRE, foram publicados dois textos na rubrica Leituras sugeridas por…. Um da autoria do professor António Almeida  que faz um breve apontamento sobre a relação entre a tradição portuguesa  do “pão por Deus” e o dia do  Halloween, festejado sobretudo no âmbito da disciplina de Inglês.   



    Durante algum tempo e impensadamente, os professores menos avisados criticavam os seus colegas de inglês por festejarem o Halloween .
    Dizia-se que nada tinha a ver connosco, que era uma importação que estranhava as  nossas tradições.
    Eu, pessoalmente, invocava o historiador francês Phillipe Aries  que distinguia algumas  praticas católicas das dos países  protestantes. Independentemente de isso ser verdade, acontece que foi a Europa que colonizou o Novo Mundo e, por isso, o Halloween tem evocações nossas.
Ernesto Veiga de Oliveira , in  Festividades Cíclicas de Portugal (1994) refere a páginas 184, “ o pão por Deus” que, em Torres Vedras, se cozia em todas as casas pelo um de novembro e que eram as crianças e mendigos que pelas casas  o pediam e que recebiam, para além desse pão doce, outras  iguarias. Na ilha Terceira, pede-se pelas portas o pão e insultam com fórmulas consagradas quem o recusa. Será o doce ou a partida  do  Halloween.
Em Coimbra, o grupo que faz o peditório traz uma abóbora  esvaziada com dois buracos a figurarem de olhos e uma vela acesa.  O  mesmo acontece em Ervedal da Beira .

António Almeida


Na nossa árvore, ficaram expostos alguns versos que ecoam vozes vindas dos tempos ancestrais, em que pedir o “pão por Deus” era uma prática comum. 







quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Inventários fúteis - Escrita criativa


A atividade proposta aos alunos da turma D do 7º ano da EB 2,3 consistia na elaboração de dois inventários diferentes com coisas "insignificantes", "fúteis" , reais ou imaginárias. Os alunos responderam com muito empenho a este desafio.

A LETRA IMPOSTA - Escrita criativa



A atividade proposta à turma 7º A da EB 2,3 era que escrevessem um texto "especial", com o mínimo de cinquenta palavras, começando pela mesma letra: "A"; "E", "M", "O", "R"...  . Os alunos empenharam-se de forma muito positiva nesta atividade.


terça-feira, 28 de outubro de 2014

Dia da Biblioteca Escolar


Para assinalar o Dia da Biblioteca Escolar organizou-se uma exposição dando destaque à participação dos alunos no "Mapa de Ideias" que é proposto como lema para o ano de 2014-15.
O Concurso de Marcadores realizados em Educação Visual é outra ideia em curso na ESBF e na EB 2,3P: estarão expostos durante esta semana para serem admirados e analisados por alunos e professores que deverão votar no seu preferido, permitindo assim apurar os três primeiros lugares.



Brincando com os sons - Escrita criativa



A realidade de Escola-Agrupamento justifica a  realização de actividades conjuntas na ESBF e na EB 2,3, sobretudo se o pretexto é assinalar o Dia Mundial da Biblioteca Escolar,como sucedeu hoje  com a sessão de escrita criativa dinamizada pelas professoras bibliotecárias com o apoio da docente de Português da turma 7º B  da EB 2,3 . Os alunos empenharam-se na realização da atividade proposta, depois de ultrapassada alguma estranheza inicial.


sexta-feira, 24 de outubro de 2014


Quisemos deixar um breve registo do espaço lateral da nossa BECRE,  onde são afixados os textos na rubrica Leituras sugeridas por. Esta semana, quem por aqui passou  sentiu-se interpelado pelo poema de Sophia de Mello B. Andresen  que a professora Fernanda Duarte escolheu.


Ouve:
Como tudo é tranquilo e dorme liso;
Claras as paredes, o chão brilha,
E pintados no vidro da janela
O céu, um campo verde, duas árvores.
Fecha os olhos e dorme no mais fundo
De tudo quanto nunca floresceu.
Não toques nada, não olhes, não te lembres.
Qualquer passo
Faz estalar as mobílias aquecidas
Por tantos dias de sol inúteis e compridos.
Não te lembres, nem esperes.
Não estás no interior de um fruto:
Aqui o tempo e o sol nada amadurecem.
Sophia de Mello B. Andresen, Coral 1ª ed.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Permutas - Escrita criativa


O exercício proposto aos alunos do 8º 1 consitia na substituição / permuta de algumas palavras de um dado texto, por outras com idêntico significado. Para o desenvolvimento da atividade os alunos utilizaram o dicionário e socorreram-se dos seus conhecimentos sobre o funcionamento da língua portuguesa.


Prefixos arbitrários - Escrita criativa


Os alunos do 7º 3 desenvolveram com muito empenho a atividade que lhes foi proposta: escrever um pequeno texto, original e imaginativo, utilizando palavras compostas com 8 prefixos selecionados a partir de uma listagem que lhes foi entregue.


sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Dia Mundial da Alimentação – Adivinhas



Para lembrar o Dia Mundial da Alimentação, a BE associou-se ao PES  numa atividade de caráter lúdico e pedagógico: um concurso com adivinhas, dadas aos alunos para descobrirem o seu significado. Aos alunos que conseguirem descobrir o significado de mais adivinhas será entregue  uma lembrança, a título de prémio.




Histórias curtas – sessão de escrita criativa

O Rui Bastos, antigo aluno da ESBF, é um jovem estudante universitário de engenharia biomédica com uma declarada paixão pela leitura e pela escrita, que o levou a assumir o desafio de dinamizar atividades no âmbito da escrita criativa com turmas do ensino secundário, desta feita com alunos do 1º TAI e do 1º TE.
A sessão decorreu de forma bastante animada e com muito empenho dos alunos que escreveram, discutiram e leram em voz as suas “short stories”.


segunda-feira, 13 de outubro de 2014

"Prefixos arbitrários" - escrita criativa

 Iniciámos o projeto de  escrita criativa com a turma 1 do 7º ano (curriculos alternativos) que desenvolveu a atividade "Prefixos arbitrários": escolha de prefixos para construção de palavras e de um pequeno texto com alguma imaginação.



Na rubrica Leituras sugeridas por..., foram publicados, no espaço da biblioteca, os textos apresentados por Ana Turíbio e Lurdes Cardoso :

Mãe!
Vem ouvir a minha cabeça a contar histórias ricas que ainda não viajei!
Traze tinta encarnada para escrever estas coisas!
Tinta cor de sangue, sangue verdadeiro, encarnado!

Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!

Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça não se lembra senão de viagens!
Eu vou viajar. Tenho sede! Eu prometo saber viajar.

Quando voltar é para subir os degraus da tua casa, um por um.
Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa. Depois venho sentar-me ao teu lado.
Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei,
tão parecidas com as que não viajei, escritas ambas com as mesmas palavras.

Mãe! ata as tuas mãos às minhas e dá um nó-cego muito apertado!
Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa. Como a mesa.
Eu também quero ter um feitio que sirva exactamente para a nossa casa, como a mesa.

Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!

Quando passas a tua mão na minha cabeça é tudo tão verdade!




Almada Negreiros




LIBERDADE


Da sua jaula de arame
Via a vida que passava
Indiferente!

“Quem me dera ir pelos céus,
Voar aos confins do mundo
E ser livre !...
Ser folha arrastada ao vento,
Ser nuvem, ser luz, ser vento,
Encher o bico de sol,
E cantar!...”

Fugiu!...

E já não quis espaços
Nem confins do mundo,
Somente
Um ramo de laranjeira!...

José Terra (1928 – 2014) ,  Inéditos e Dispersos




Germano Almeida - Autor de outubro 2014


Germano Almeida é o autor do mês de Outubro. Escritor cabo-verdiano, tendo-se estreado como contista nos anos 80, alcançou grande projecção internacional com o seu romance O Testamento do Senhor Napumoceno da Silva Araújo, cujo filme homónimo foi diversas vezes galardoado.

O escritor continua envolvido em vários projectos da cultura de Cabo Verde.
E, em 2014, chegou às livrarias Do monte Cara vê-se o mundo. Aqui fica o convite à leitura deste romance...