terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Homenagem em vésperas de Natal

O convivio natalício que juntou professores e funcionários da escola para um lanche, que se seguiu a um momento musical, foi rematado, de forma particularmente afetiva, com a leitura de um conjunto de versos, escritos pela professora Clara Botelho, em homenagem às funcionárias da ESBF;

“Uma palavra de afeto pode aquecer 3 meses de Inverno” - Provérbio japonês

Temos uma escola nova, grande, fria e com muito betão
Muitas coisas mudaram com as nossas obras…
Parece que nestes corredores, feitos para correr…
São as coisas boas que ficam por dizer!

Há tempo para criticar mas raramente para louvar…
Hoje o que eu quero, então, não é criticar o betão, mas enaltecer o cimento!
O cimento da União…

Quem ajuda os alunos, sempre com muita discrição,
Quem os ouve, os observa e lhes dá a mão,
Sem Pit, sem Planos, sem medidas de integração,
Apenas com carinho, bom senso e dedicação?

Quem ajuda os professores, brinca ou anima conforme a situação?
Lima as arestas do dia-a-dia, arranja fotocópias de última hora…
Leva comprimidos à sala para aliviar a tensão?
E toda a escola, no Natal e na Páscoa decora?

“Ó professora, falta assinar no dia doze!
Ó professor, vou buscar o livro de ponto!
Professora, está com um ar triste, hoje…
Professor, precisa da minha intervenção?”

Quem consola nos momentos de luto?
Quem traz alegria nos dias de festa e limpa tudo quando o pano cai?
Quem enche a igreja quando um de nós se vai…
Quem marca presença quando um abraço é tudo?

Mães coragem, mulheres pacientes e avós presentes…
Perante a crise, queixam-se menos e trabalham mais…
Rissóis, croquetes e outros que tais…
Enchem-se de força, ajudam todos e sempre contentes!

São as nossas funcionárias e quero hoje agradecer
Por todo o carinho e todo o bem que nos sabem fazer
D. Ana, Adelinda, Lúcia, Natália ou Conceição…

Para sempre os vossos nomes estão gravados no nosso coração!

Não é de hoje a vontade de vos prestar homenagem…
Fui à Junta de Freguesia perguntar
O que se podia fazer, talvez um evento?…
Parece que para esse fim, de momento

Nada se pode arranjar!
O país não dispõe de verba para encorajar!
A troika não dá espaço ao sentimento
É preciso é trabalhar e marchar, marchar!

Resta-me então as palavras…
As palavras são livres e gratuitas por enquanto
E podem valer mais do que um subsídio e outro tanto!
São belas e frágeis como flores

Mas podem atenuar as nossas dores…
É preciso cuidado com as palavras…
Pois se é certo que as ocas as leva o vento…
Também é verdade que as fortes ficam a morar no pensamento…

Fiquem então com esta por muito tempo:

Obrigada!
Clara Botelho

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A conversa com Maria Teresa Maia Gonzalez...


 
Foi no passado dia 12 de dezembro, ao início da tarde, que a Biblioteca reccebeu a visita da escritora Maria Tereza Maia Gonzalez que nos falou dos seus livros e da  relação dos jovens com a vida, partindo das perguntas que lhe foram sendo colocadas pelos alunos.


Feira do Livro na BECRE


A Feira do Livro é uma iniciativa que visa a promoção da leitura, quer porque  permite olhar e manusear os  livros, quer pela oportutnidade para adquirir alguns títulos a preços mais baixas do que os que são   praticados fora da escola.
Este ano, a Feira do Livro  esteve patente na biblioteca desde o dia 4 de Dezembro até ao final do 1º período.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Maria Teresa Maia Gonzalez-autora de dezembro 2012


Com visita agendada para o próximo dia 12 de dezembro, a escritora Maria Teresa Maia Gonzalez  foi escolhida como autora do mês de Dezembro 2012. As suas obras acompanham as etapas do crescimento, desde a infãncia até à adolescência, percorrendo diferentes géneros de escrita, onde se destaca o sentido espiritual e a religiosidade das mensagens, a par de uma abordagem de problemas concretos que afetam hoje os jovens estudantes, como o bullying, por exemplo.


domingo, 2 de dezembro de 2012

Revivendo Carlos Drummond de Andrade

"A educação visa melhorar a natureza do homem o que nem sempre é aceite pelo interessado."
No Câmara Clara de hoje, 2 de dezembro de 2012, António Torres e Arnaldo Saraiva evocaram essa figura de renome da literatura portuguesa que foi Carlos Drummond de Andrade.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Dia da Biblioteca Escolar

O mês de outubro é o mês da Biblioteca Escolar e o dia 25 foi escolhido para dar destaque às Bibliotecas Escolares portuguesas. Dos textos escritos pelos alunos (apenas uma turma correspondeu à nossa solicitação)  destacamos o da Jade, do 9º1, exposto na BE, por ter obtido a melhor classificação.

Escrita criativa


O projeto de poesia/escrita criativa já está em curso neste ano letivo de 2012/2013. A primeira sessão desenvolvida ccom a turma 2 do 7º. ano deu origem  um conjunto de textos alusivos à Biblioteca Escolar.
Na segunda sessão, o 8º. 4 escreveu pquenos textos subordinados o tema : "Brincando com os sons".
Estes trabalhos já foram corrigidos e encontram-se expostos na Biblioteca


quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Debate:do filme "2001, Odisseia no Espaço" ao conto "Aquele azul"


Os alunos do 10º2 e do 10º6 assistiram ao filme "2001, Odisseia no espaço", depois de terem lido e trabalhado o conto de Maria Judite de Carvalho, "Aquele azul". O desafio que lhes foi lançado, no âmbito do projeto "E o céu aqui tão perto:diálogo entre a Ciência e Literatura", consistiu  em encontrar pontos de ligação entre as duas narrativas, para além da reflexão suscitada pelo conteúdo do filme, integrada, claro está, no almejado diálogo que constitui a base deste projeto.


Biblioteca Escolar: uma chave para o passado, presente e futuro



Textos dos alunos do 7º  2 sobre a Biblioteca Escolar... (Ana Beatriz ;Ana Domingos e Erson) 

Eu sou a Biblioteca do presente… e tenho muitos livros!
Uns grandes, outros pequenos, uns feios outros bonitos, de todas as formas e feitios!
Como sou do presente, também tenho computadores e é mais fácil encontrar o que procuramos.
Várias pessoas me visitam, para fazer trabalhos de pesquisa, para consultar livros ou simplesmente para me visitar.
Eu tenho várias cadeiras e mesas para os alunos, várias estantes para os livros e também novas tecnologias.
Os alunos, às vezes, vêm falar mal das outras pessoas para aqui e eu não gosto disso. Às vezes também dizem que me faltam cores, mas eu não acho!
Tenho uma bela vista para o pátio e adoro ver os alunos a conviver!

sábado, 10 de novembro de 2012

Brincando com os sons - Projeto de escrita criativa

Aos alunos do 8º 4 foi lançado um desafio: escrever um texto com um mínimo de 45 palavras, iniciadas predominantemente pelas letras "e" e "f".
Depois da leitura do modelo em voz alta, onde se mostrava um exercício semelhante com as letras "g" e "i", os grupos iniciaram o trabalho de escrita, partindo de um tema previamente escolhido.
O resultado foram alguns textos interessantes de que damos nota:

Alunos: André, nº2; Gabriel, nº6; Nuno, nº14

Fui fazer Educação Física, foi fácil fazer os exercícios, fiquei feliz e entusiasmado.

Fomos então para Educação visual fazer o estudo das figuras exóticas.

Fui finalmente ao estádio ver um jogo de futebol, era o Estoril frente ao Feirense; esperava muitos golos, mas o jogo ficou empatado.
Alunos: Hugo Espanhol e Luís Rodrigues


O Eduardo e o Francisco foram estudar à floresta francesa com a Eduarda. Eles estudaram francês até escurecer; a Eduarda foi-se embora; o Eduardo embora se foi e entristeceu porque se esqueceu do Francisco.

Francisco, estudando francês sozinho, acabou por escurecer a mente e foi-se embora então.

Alunos: Daniela, nº4; Fabiana, nº5; Janice, nº9 – Grupo Estrelinhas
                                                            Fantasia

A égua francesa com um focinho esquisito espagou uma empada estragada; o fantasma da empada ficou furioso e fez um grande furacão que estragou o focinho da égua.

O elefante esverdeado espantado com o focinho da égua ajudou-a a fazer uma empada e a égua ficou feliz com essa empada e começou a ficar extrovertida e, então decidiu vingar-se do fantasma.

Leitura e poder: uma relação em memória - Conversas à 4ª feira


A conversa subordinada ao tema “Leitura e Poder: uma relação em memória”, teve como objetivo essencial lembrar o significado e a importância da leitura para a vivência pessoal, social e política, partindo de uma abordagem da sua relação com o Poder (político) e do entendimento da natureza do seu poder.

A exposição e o diálogo mantido com os alunos participantes (10º 1), desenrolaram-se a partir de um conjunto de diapositivos, organizados em três “capítulos”, a saber:

- A “censura” que marcou sempre a relação da leitura/escrita com o Poder, constituindo-se também como um desafio à criatividade dos autores para fugirem às suas apertadas malhas.

- O “poder da palavra”, muito mais extensivo e desafiante do poder político com a massificação da cultura, no século XX, quando os meios de comunicação alcançam um estatuto que lhes permite manipular a opinião pública.

- O “poder da leitura”, associado a práticas sociais e individuais, impondo-se à frieza das estatísticas, que sugerem um universo de iletrados superior ao que existiria na realidade, no século XX, bem como no Antigo Regime.

Os alunos acompanharam o desenvolvimento da sessão de forma participativa, muito embora no final tenha ficado a impressão de que a riqueza do tema justificaria um aprofundamento de alguns aspetos somente aflorados, atendendo às limitações de tempo e ao público-alvo.

                                                                                                                           M. Fátima Pinto

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Autor do mês de Novembro - Camilo Castelo Branco

Neste ano de comemoração dos 150 anos da publicação de uma das obras mais significativas do escritor Camilo Castelo Branco e do Romantismo português, "Amor de perdição", pensamos que seria interessante promover algumas atividades relacionadas com o autor e a sua escrita, tentando prolongar a lembrança de Camilo Castelo Branco até ao mês do seu nascimento - março -, o que passa também por associar o homem e a obra ao mês dos afetos, fevereiro. Das atividades que forem desenvolvidas iremos dando conta neste espaço.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Humor nos tempos de crise - exposição

Imagem:

O humor encarado como auto-ironia e auto-erosão foi uma das ideias condutoras deste projeto que reúne no Museu da Electricidade em Lisboa um conjunto de obras que pretendem levar os visitantes a refletir sobre o sentido do humor que lhes é revelado de uma forma muito séria. 
No programa Câmara Clara os curadores deste evento apresentaram-nos a exposição, ao mesmo tempo que davam conta das suas motivações e responsabilidades, estimulando a curiosidade dos telespectadores 

Viajar na Champagne - Conversas à 4ª feira


Esta quarta-feira, as conversas transportaram-nos à região francesa de Champagne, famosa pela reputada bebida, conhecida mundialmente pelo mesmo nome. A professora Luísa Campos levou-nos numa viagem pela história e pela cultura desta região, através de fotografias e da sua experiência pessoal. Uma partilha a duas cores, a Champagne verde, cheia de vida e a Champagne vítima das duas grandes guerras. Uma convivência resultante da decisão dos seus habitantes que, deliberadamente, não querem que as feridas sejam encobertas pela reparação dos sucessivos estragos, mas permaneçam na memória de todos, como uma lição para todas as gerações. Filosofia partilhada por Rodin e Le Courboisier.

Arras (o seu cemitério), Mur des Fusilles, entre outros, são memoriais dedicados a todos os franceses que caíram em defesa do seu país. Chalons-en-Champagne, Reims exibem a preciosa bebida, da qual duas marcas se destacam, Moêt et Chandon e Mercier. Esta última foi levada, numa grande pipa, por dois corpos de juntas de bois para a Feira Mundial de Paris.

Curiosamente, as caves rochosas onde trabalhavam os empregados do senhor Mercier, foram por ele decoradas com estátuas para os seus trabalhadores beneficiarem de um ambiente mais acolhedor e harmonioso. Eles trabalhavam, diariamente, dezoito metros abaixo do solo!
Esta viagem chegou ao fim, com as manifestações de agrado do público presente, que incluía dois ex-alunos da escola. A vontade de visitar a Champagne ficou no ar e os alunos foram reagindo consoante a sua sensibilidade, quer ao aspeto mais verde e vivo, quer ao aspeto mais triste e devastador da região. A indiferença não teve aqui lugar.

sábado, 27 de outubro de 2012

Conversas à 4ª f: - A crise económíca


O professor Arménio Carreira iniciou a conversa sobre a crise económica, referindo as principais causas que podem levar um Estado a chegar a uma situação em que lhe faltem os recursos económicos. Esclareceu que, quando essa situação se agrava, surge a necessidade de pedir ajuda externa, o que implica o endividamento, não só relativo ao montante da quantia emprestada, como também dos respectivos juros. Para fazer face às obrigações decorrentes da necessidade de proceder ao pagamento destas dívidas, os governos exigem o cumprimento de medidas que afectam inevitavelmente a vida das empresas, dos trabalhadores e das famílias.



Uma vez que, em Portugal, estamos a viver os efeitos de uma crise desta natureza, acentuada pelas medidas de austeridade impostas pelo governo, o professor Arménio Carreira promoveu o debate da questão, solicitando aos alunos que manifestassem as suas opiniões a respeito deste assunto, e que apresentassem medidas alternativas, que considerassem poder revelar-se eficazes para combater a crise económica no nosso país.

Os alunos presentes, mostraram estar bem informados sobre a realidade nacional, e expuseram opiniões fundamentadas, de entre as quais se podem destacar as que se centraram em medidas como a mudança de governo, a criação de oportunidades para os jovens entrarem no mercado de trabalho, o aproveitamento dos recursos naturais, o aumento das exportações, e o consumo de produtos nacionais.

O professor Arménio Carreira foi aproveitando as intervenções dos alunos para validar a pertinência das que foram formuladas com mais rigor e convicção, tendo elogiado a participação de todos.

Manuela Silva

A Biblioteca Escolar: uma chave para o passado, presente e futuro


"Outubro é o mês em que se comemora a Biblioteca. O nosso contributo para essa comemoração, será a redação de textos alusivos a esse espaço a que, de alguma forma, estamos ligados."
Assim sendo, a tarefa proposta aos alunos do 7º 2, no âmbito do projeto de escrita criativa, consistiu em escrever um texto de 100 a 200 palavras, iniciando-o com uma das seguintes frases:
"Eu sou a Biblioteca e esta é uma página do meu diário:"
"Eu sou a Biblioteca do passado..."
"Eu sou a Biblioteca do presente..."
"Eu sou a Biblioteca do futuro..."
"Eu sou uma estante de livros. O meu sonho é poder,um dia,viver numa Biblioteca"

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Mário de Carvalho no Câmara Clara

Mário de Carvalho, o convidado do programa Câmara Clara, no dia 21 de outubro, foi desafiado a falar das suas mais recentes obras, O Varandim, seguido de Ocaso em Carvangel e a pronunciar-se sobre as leituras preferidas, em particular no que respeita aos autores clássicos, entre os quais Mário de Carvalho destacou dois expoentes da literatura portuguesa do século XIX, a saber, Camilo Castelo Branco (comemoração dos 150 anos da publicação do Amor de Perdição) e Eça de Queirós. Questionado sobre o seu percurso político, associado ao partido comunista, a propósito da realidade atual, o autor admitiu uma falta de identificação com a prática partidária e esquivou-se a dar respostas diretas às questões de opinião colocadas por Paula Moura Pinheiro.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Ciência e Literatura - um diálogo (im)possível?!




O projeto "E o céu aqui tão perto:diálogo entre Ciência e Literatura" teve no dia 18 de outubro o seu primeiro momento de encontro das duas turmas envolvidas (10º2 e 10º 6) e respetivos professores, introduzido pelas palavras de Rui Bastos, um ex-aluno da ESBF, convicto colaborador do LCV e amante de muitas e variadas leituras mas com particular inclinação para o género "ficção científica". Depois do "seminário", alunos e professores conviveram e saborearam um "lanche temático" .




«As diferenças entre a Ciência e a Literatura dificilmente podiam ser maiores. Se por um lado as Ciências exigem rigor, objectividade e o seguimento de regras exactas, as Letras são muito mais liberais, subjectivas e com uma certa tendência para o desprezo pelas regras. E no entanto são duas áreas que não só se misturam frequentemente, como o fazem facilmente, devido a uma série de pontos comuns que as ligam apesar das diferenças. (...)
Pessoalmente acho que é algo complicado de explicar, mas a Astronomia, para mim, é um exemplo perfeito da união e da complementaridade de ambas as áreas. Ainda para mais quando essa sintonia resulta num género literário como a Ficção Científica, do qual sou um aficionado e que já me providenciou das melhores leituras da minha vida. Livros como 2001 – Odisseia no Espaço, de Arthur C. Clarke, são para lá de geniais… Este em particular é uma verdadeira obra-prima da literatura, com algumas das melhores descrições do espaço que eu já li. A forma como o autor nos faz viajar por entre as estrelas, como se estivéssemos de facto a espreitar pela janela de uma nave espacial é divinal. E o livro tem um rigor científico fora do comum para uma obra de ficção.
            Já para não falar de Júlio Verne e dos seus livros Da Terra à Lua e À Roda da Lua, com uma Ciência minimamente plausível e descrições espaciais, nomeadamente lunares, simplesmente fascinantes e perfeitas. E a quantidade de livros sobre os quais ainda podia falar torna ridícula a ideia de que a beleza não existe na Ciência, ou de que a Literatura é incapaz de captar a sua essência. Porque ambas as áreas não passam de duas faces da mesma moeda, ou de duas abordagens diferentes para fazer exactamente a mesma coisa: perceber o Mundo que nos rodeia.
            Isto leva a que da mesma forma que posso dizer que há poucas coisas tão diferentes como a Literatura e a Ciência, posso também afirmar sem qualquer peso na consciência, que é ainda mais complicado encontrar duas coisas que sejam, ainda assim, tão semelhantes.

Rui Bastos


Deus? O que é isso - Conversas à 4ª feira


Dando continuidade ao projeto iniciado no dia 10, realizou-se o 2º encontro dinamizado pelo professor de Filosofia, Luís Ladeira e que contou com a presença de duas turmas de 11º ano e alguns alunos do 12º ano, para além dos professores a lecionar as turmas nesse horário, as professoras responsáveis pela iniciativa e outros docentes e funcionários que participaram na "Conversa", à semelhança do que se passou na 1ª sessão. O tema era aliciante e suscitou alguma inquietação nos alunos que, esperando respostas, saíram com dúvidas acrescidas ou a consciência da complexidade desta questão, do que nos dá conta o texto síntese do orador:


Deus, o que é isso? Ou deus, o universo e eu
O universo é um absoluto. Isto é, o universo não pode ter nem começo nem acabamento, nem pode ser limitado.
Um tal ser é um absoluto. Mas não vale a pena remeter esse absoluto para fora do universo, por dois motivos:
1-    Esse absoluto exterior (transcendental) ao universo é tão incompreensível como um universo absoluto (pois, em qualquer dos casos, nós não temos (ou ainda não temos) categorias de pensamento que apreendam o significado de absoluto)
2-    Um universo não absoluto é não apenas incompreensível como é também um absurdo.
É absurdo falar de um universo que nasce, se expande e se retrai num dado espaço e através do tempo (se espaço e tempo pré-existissem então já existiria universo), tal como é incompreensível pensar num universo limitado (o que quer que o limitasse também seria universo).
Donde, se não tem sentido falar de uma realidade transcendente ao universo, de um puro espírito eventualmente criador do universo, é porque o universo não é apenas astrofísico e as suas vertentes limitadas e temporais são apenas formas de um estado do universo, mas não o esgotam. Os teístas, os que querem remeter para uma ser transcendental a razão de ser do universo, acabam por reduzir este a uma realidade apenas física, separando matéria e espírito. Os que contestam o teísmo, ateus ou ateístas, por sua vez, laboram no mesmo pressuposto de separação da matéria e espírito, ajuntando porém boas razões para duvidarmos da existência dum puro espírito criador da matéria. Mas apenas o agnosticismo, rejeitando o deus transcendente, acrescenta a dimensão de absoluto ao universo, pois que o suspeita com dimensões que ultrapassam a finitude da matéria, tal como a nossa experiência quotidiana no-la apresenta. O agnóstico rejeita a transcendência, mas «descobre» o absoluto imanente. E nesse absoluto se reconhece a si mesmo como ser do universo que é.
Luís Ladeira