quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Neve - Orhan Pamuk



Trata-se de uma obra sobre a condição do poeta (Ka), cujo potencial criativo emerge indiferente à sucessão dos factos políticos, que constituem um pano de fundo para o cenário de uma insistente (e frustrada) busca do amor, a partir do reconhecimento afetivo encontrado numa história antiga e inacabada.

A existência do poeta pauta-se pela luta que vai travando contra o (seu) vazio da política e da religião, no sentido de preservar o ideal da justiça e a esperança na edificação de um país mais livre. A Turquia é palco da oposição entre o tradicionalismo islamita e o "secularismo" inflexível - um mundo fragmentado pelas múltiplas influências do Oriente e do Ocidente, incorporadas na personalidade e na escrita do próprio autor - um turco, galardoado com o Nóbel da Literatura em 2006, festejado nos EUA - o país onde se exilou.

Deste autor já demos aqui conta de outras leituras, onde a temática política e religiosa não é tão evidente mas que nos transporta para o mesmo universo literário e cultural: um espaço de profunda e questionada mudança de valores e rituais.

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