quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O que pensamos sobre o Natal...


Os alunos do 7º. 2 seleccionaram textos e registaram as suas próprias ideias sobre o Natal, em palavras mais ou menos poéticas mas num discurso claro e sincero.
Destacámos um conjunto de afirmações que, de uma forma simples mas reflectida, encerram os possíveis sentidos desta quadra festiva:

« O Natal é:
. Pensar naqueles que estão sós;
. Saber esperar pelo grande dia;
. Saber que vamos ter uma grande alegria;
. Receber presentes;
. Oferecer presentes;
. Fazer bolos;
. Esquecer as zangas e saber perdoar;
. Festejar, rir e cantar;
. Enfeitar a nossa casa e a cidade;
. Receber amigos e a família;
. Encher a casa de luzes!» Bruna e Rita

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

"Poesia em construção" - as melhores colagens

Transcrevemos o parecer do júri, constituído pelas professoras - colaboradoras da BECRE, Fernanda Duarte e Manuela Silva, que avaliou os trabalhos realizados no âmbito do "Clube de Poesia":
« Todos os trabalhos realizados merecem um louvor, uma vez que todos apresentam uma reflexão bem fundamentada sobre uma questão actual.
Assim sendo, a escolha não foi fácil... mas acabou por recair no trabalho "Mude a sua vida", do Daniel Fonseca, do Guilherme Fonseca, da Inês Silva, da Joana Monteiro e do João Carmo.
Na verdade, este cartaz revela uma acentuada maturidade, já que expõe uma "sabedoria de vida" pouco vulgar na faixa etária dos autores. Para além desse aspecto, é de salientar a escolha acentuada das palavras que formam as frases, assim como a articulação de todos os elementos que constituem a mensagem. Sobretudo, é de notar o impacto das frases-chave, pela forma como estão evidenciadas. Tome-se como exemplo: "Apaixone-se", "Mude de vida", " O que tu és, o que queres, o que amas, importa". E ainda - a frase que podemos considerar uma introdução orientadora de todo o percurso textual e imagético que se segue: " De que tipo de peça se trata?... a vida", conferindo um carácter metafísico que perpassa todo o trabalho.
Os autores estão, pois, de Parabéns!»

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Feira do Livro 2010




Entre os dias 6 e 16 de Dezembro a biblioteca encheu-se ainda mais de livros, desta feita com o objectivo comercial aliado ao da promoção da leitura. Entre olhar, manusear e até mesmo ler alguns excertos, vão-se esboçando e/ou consolidando práticas de leitura e é esse o propósito essencial deste evento que escolhemos realizar nesta época de festividades, aproveitando para incentivar a oferta de livros.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

História da Vida Privada em Portugal

No dia 5 de Dezembro, O "Câmara Clara" deu visibilidade à História, em particular à História da Vida Privada em Portugal, uma produção conjunta de notáveis historiadores da nossa praça. No referido programa, os Professores José Mattoso e Bernardo Vasconcelos e Sousa, encarregaram-se de trazer para a ribalta essa dimensão da História de Portugal, tão importante quanto a que reporta os factos e releva as personagens importantes.
Neste programa deu-se também destaque à concepção artística de Nadir Afonso, um "arquitecto" da pintura que considera que esta forma de arte é regida por leis (tal como a Matemática), não racionalizáveis, cujo entendimento vai além da intuição - simples manifestação estética -impondo-se uma atitude de compreensão do seu(s) sentido(s).
Foi ainda tempo de lembrar a morte de John Lennon, há exactamente 30 anos!
Na verdadeira arte, os seus executantes podem afastar-se, por vontade própria ou por se esgotar o prazo de vida, mas quando a obra foi deveras importante, perdura por tempo indefenido e com ela os seus autores.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Poesia construída pelo Método N+7 na BECRE

Na terceira sessão do "Clube de Poesia", os alunos da turma 1 do 7º. ano aplicaram o Método N+7 para (re) construir os textos poéticos, recorrendo ao dicionário, onde tinham de localizar todos os nomes identificados no texto e procurar o 7º. nome a seguir para substituir os nomes do texto original. O produto final foi um conjunto de textos diversos e inusitados, de que deixamos aqui alguns excertos:

Texto A
« Ao dobrar da esquina da nossa rua, havia a loja do sr. Meyer, onde se compravam louças, vidros e brinquedos (...)» (original da obra O Mundo em que vivi, Ilse Rosa)
« Ao dobrar o equipamento da nossa rubéola, havia um lombardo do sr. Meyer, onde se compravam louceiros, viés e brinquetes.(...)
Texto B
Na poesia,
natureza variável
das palavras,
nada se perde
ou cria,
tudo se transforma:
cada poema,
no seu perfil
incerto
e caligráfico,
já sonha
outra forma.
(Sobre o lado esquerdo, Carlos Oliveira)
No poiol
naufrago variável
dos palcos,
nada se perde
ou cria,
tudo se transforma:
cada poética,
na sua refulgência
incerta
e caligráfica,
já sonha
outro formalismo.
Texto C
«Um galo que canta, um cavalo que relincha,
um gato que volteia: a aurora.
um lírio que se inclina, um limão que cai (...)»
Os Herdeirtos do Vento, anónimo árabe

« Uma galopada que canta, um cavaquinho que relincha,
uma gatunice que volteia: o auspício.
uma lisonjearia que se inclina, um limite que cai (...) »

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Poesia em construção na BECRE

A segunda sessão do "Clube" de Poesia consistiu na elaboração de trabalhos de "colagens e montagens" utilizando recortes de revistas e jornais, organizados livremente em função de um tema escolhido pelos alunos. Estiveram envolvidas nesta actividade quatro turmas do 7º. ano, num total de cerca de 40 alunos. Os trabalhos foram depois expostos num painel cujo fundo sublinha a missão da biblioteca na promoção da leitura/escrita .

Clube de Poesia na BECRE

No mês de Outubro inaugurámos o "Clube "de Poesia - um projecto da autoria do professor João Pedro Aido, que foi integrado no PAA da BECRE -, uma vez que o seu propósito se ajusta na perfeição ao trabalho de promoção da leitura/escrita que a Biblioteca assume como tarefa primordial.
A primeira actividade, designada "Um poema no bolso", consistiu na elaboração de um poema partindo de um verso da autoria de um poeta consagrado, cujos textos foram depois lidos em voz alta pelos alunos.

Creio que foi o sorriso,
naquele momento que mais preciso
No meu bem-estar
Fizeste-me amar.
Estava eu a chorar
Quando apareceste para me apoiar
Fizeste-me de novo pensar
Que vale a pena perdoar.

Vera, 7º 3

Ai que prazer
Estar na biblioteca a ler,
Chegar a casa e ter trabalhos para fazer.
Eu sou o André e tenho doze anos
Para a minha vida eu tenho muitos planos. (...)

André P. , nº 2

Uma cidade pode ser
Sem toda esta poluição.
Temos que resolver
Esta confusão! (...)

Mafalda, 7º. 3

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Autor de Novembro - L. Tolstói

"O mal não pode vencer o mal. Só o bem pode fazê-lo."

"Eu escrevo livros, por isso sei todo o mal que eles fazem. "

"O dinheiro representa uma nova forma de escravidão impessoal, em lugar da antiga escravidão pessoal."

"Não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade. A liberdade não é um fim, mas uma consequência."

"A alegria de fazer o bem é a única felicidade verdadeira."

Lev Nikoláievich Tolstói, foi um dos grandes vultos da literatura russa e mundial, que viveu no século XIX. Entre as suas obras mais famosas destacam-se Guerra e Paz, sobre as campanhas de Napoleão na Rússia, e Anna Karenina, onde expõe de forma crítica o ambiente social da época: a hierarquia, a falsa moralidade, o vazio existencial de uma classe privilegiada que não dependia do seu trabalho para garantir a sobrevivência, ao contrário da massa de camponeses que constituía a base da pirâmide social da Rússia, no século XIX.
Tolstói dedicou também os últimos anos da sua vida à difusão dos seus ideais pacifistas e humanitários, inspirando outros notáveis, como M. Ghandi, na tentativa de recuperar o espírito do cristianismo original, conseguindo reunir à sua volta um conjunto de “discípulos” e admiradores que acompanhavam e partilhavam das suas reflexões, o que contribuiu para dar uma maior projecção social e política à sua intervenção, considerada por muitos dos seus contemporâneos, um movimento de renovação religiosa, critico da religião ortodoxa, russa, o que lhe granjeou uma notável popularidade, atestada neste excerto da obra a última estação, de Jay Parini:
« (…) Cristo é Cristo. Mas Lev Nikoláevitch é seguramente um dos seus profetas. Tenho sorte por o conhecê-lo tão bem quanto conheço. (…)
Quando chegámos ao tribunal, a rua estava cheia de gente. Foi muito semelhante ao que acontecera na estação de Kursk em Moscovo,no início do mês, quando Lev Nikoláevitch deu por si submergido numa multidão de admiradores, milhares deles, todos a gritar o seu nome a plenos pulmões. (…) toda a espécie de pessoas, mas principalmente pedintes, que imaginavam que o “Conde”, como continuavam a chamar-lhe, poderia fazer um milagre por eles. Muitos esticavam os braços apenas para tocar no casaco dele à sua passagem.»
.
Esta obra é uma ficção construída a partir de um conjunto de testemunhos de um grupo restrito que privou com Tolstói no último ano da sua vida, incluindo a sua mulher e alguns dos seus filhos, em particular a filha Aleksandra (Sacha), que estabeleceu com ele uma relação privilegiada. Os testemunhos tão diversos, expostos de uma forma solta e descomprometida permitem entrever a complexa teia de relacionamentos que projectou e mistificou a figura de Léon Tolstói.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Livros que contam a América

A imagem da América encontra-se plasmada na literatura produzida pelos autores americanos: de Mark Twain e Walt Whitman a Don Delillo, são revisitados os ícones da consciência literária americana , onde há também um espaço para o feminino - Sílvia Plath - uma referência da especificidade possível num quadro de flexibilidade que é apanágio da cultura americana.
O século XX tornou-se o "século americano" - uma das afirmações em destaque no programa Câmara Clara para seguir aqui.

domingo, 14 de novembro de 2010

Voltaire - um autor francês para Novembro

Voltaire é o pseudónimo de François-Marie Arouet, um expoente do iluminismo francês, conhecido pela espirituosidade da sua crítica à sociedade de Antigo Regime, sua contemporânea. Intentou a difusão das ideias de igualdade, liberdade e valorização do conhecimento/educação, através da aproximação da realeza absolutista, conseguindo influenciar monarcas, como o rei da Prússia, que se tornaram assim protagonistas de um regime político diverso: o despotismo esclarecido/iluminado.
O contributo deste filósofo francês foi essencial para a definição de uma nova matriz da cultura ocidental, centrada no liberalismo de base racionalista, que conduzirá às revoluções liberais e aos movimentos nacionalistas do século XIX, uma época profundamente marcada pelo exemplo político da França.
A escolha deste autor foi uma proposta da área curricular de Francês, e o trabalho desenvolvido pela professora Clara Botelho com os seus alunos do 11º 7 integrou a exposição alusiva aos autores do mês, que a BECRE mostra em permanência:
IL y a un auteur du mois français! C’est...
VOLTAIRE
Date de naissance :
21 novembre 1694
Métier : Écrivain

Voltaire, de son vrai nom François Marie Arouet, est né le 21 novembre 1694 à Paris (France) dans une famille bourgeoise.
Il suit des études brillantes dans la meilleure et la plus chère école de Paris, chez les Jésuites du collège Louis-le-Grand. En parallèle à l'éducation stricte et religieuse des Jésuites, Voltaire fréquente la société libertine du Temple où il se découvre un esprit de liberté qui souhaite s'émanciper de la religion et de la monarchie.
En 1713 , il abandonne ses études de droit et fait un bref séjour à La Haye où il est secrétaire d'ambassade, mais une aventure amoureuse avec une jeune huguenote le renvoie à Paris.
Là, il décide de consacrer sa vie à l'écriture. En 1717, il est interné à la Bastille pour des vers relatant les relations incestueuses du Régent. Au cours des onze mois de son internement, il termine l'écriture de la tragédie Œdipe qui connaitra dès 1718 un énorme succès.
C'est à cette époque qu'il se choisit son pseudonyme qui n'est autre que l'anagramme de AROUET L(e) J(eune) (les lettres U et V, J et I s'écrivent de la manière à cette époque).
En 1726, il s'oppose au chevalier de Rohan-Chabot et fait un nouveau séjour à la Bastille. A sa sortie de prison, Voltaire doit s'exiler pour trois années en Angleterre avant de faire son retour dans la société parisienne en 1729.
Il va briller par son talent d'auteur en livrant de belles pièces "Brutus" en 1730, "Zaïre" en 1732, "Le Mondain" en 1736, "Mahomet" en 1742, "Mérope" en 1743.
Ce talent attise la curiosité du roi qui en fait en 1744 son historiographe. Pourtant, l'esprit persifleur de Voltaire va lui valoir sa disgrâce. En 1758, il achète un domaine à Ferney (près de Genève). Là, il se découvre une passion pour la construction d'une société nouvelle. Il aménage son domaine, puis la région entière, il fait bâtir des maisons, fait cultiver les champs, développe l'élevage, monte quelques industries (montre et bas de soie) et apporte la prospérité à la région.
Voltaire devient de son vivant un véritable mythe et en 1778 pour son grand retour à Paris, il est accueilli pour une foule en liesse et par les membres de l’Académie Française qui lui rendent un vibrant hommage.
Voltaire est considéré comme l'un des artisans de la Révolution Française. Ses cendres sont d'ailleurs transférées au Panthéon le 11 juillet 1971.
Il restera associé au siècle des Lumières (le XVIIIème)...
Il meurt à Paris le 30 mai 1778. Le 28 février 1778, quatre mois avant sa mort, il déclarait dans une lettre à son secrétaire Wagnière, qui l'a pieusement conservée :

« Je meurs en adorant Dieu, en aimant mes amis, en ne haïssant pas mes ennemis, en détestant la superstition. »

Ses cendres sont transférées au Panthéon de Paris le 11 juillet 1791 après une cérémonie grandiose. Par un hasard de l'Histoire, sa tombe se trouve en face de celle de Jean-Jacques Rousseau, qu'il n'appréciait guère.
Voltaire est surtout lu aujourd'hui pour ses contes. Candide, Zadig, entre autres, font partie des textes incontournables du XVIIIe siècle et occupent une place de choix au sein de la culture française.
Toute l'œuvre de Voltaire est un combat contre le fanatisme et l'intolérance.
L'attachement de Voltaire à la liberté d'expression serait illustré par la très célèbre citation qu'on lui attribue :

« Je ne suis pas d'accord avec ce que vous dites, mais je me battrai jusqu'à la mort pour que vous ayez le droit de le dire. »
Le génie de notre langue est la clarté.

Si l'on n'est pas sensible, on n'est jamais sublime.

Il vaut mieux hasarder de sauver un coupable que de condamner un innocent.

Il n'est permis d'affirmer qu'en géométrie.
Les beaux esprits se rencontrent.

Toutes les grandeurs de ce monde ne valent pas un bon ami.

Le malheur des uns fait le bonheur des autres.

Le bonheur est souvent la seule chose qu'on puisse donner sans l'avoir et c'est en le donnant qu'on l'acquiert.

Le monde est assurément une machine admirable; donc il y a dans le monde une admirable intelligence, quelque part où elle soit.

Je veux que mon procureur, mon tailleur, mes valets croient en Dieu; et je m’imagine que j’en serai moins volé.
Alguns alunos visitaram a exposição e responderam ao seguinte questionário:
QUESTIONNAIRE
1) Quel est le vrai nom de Voltaire ? (10)
2) En quelle année est-il né ? (10)
3) Dans quel pays a-t-il vécu en exil ?(10)
4) Comment s’appelait la prison où il a été emprisonné 2 fois ?(10)
5) Indique une phrase qui t’ait particulièrement plu. (20)
6) Comment surnomme-t-on le siècle où Voltaire a vécu ? (15)
7) Indique le titre d’une de ses oeuvres.
8) Dans la liste qui suit, souligne les thèmes chers à Voltaire : (15)
Fanatisme/ Égalité/ Amour/ Tolérance/ Violence/ Solitude/ Géographie

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Autor de Novembro

Egas Moniz foi uma figura destacável sobretudo no campo da ciência e em particular da Medicina. As suas descobertas centraram-se no domínio da neurologia e valeram-lhe o prémio Nobel, em 1949, depois de quatro tentativas infrutiferas.
A sua ligação política à Primeira República estabeleceu-se por via do presidente-Rei, Sidónio Pais, em cujo governo foi minsitro do estrangeiro.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Dia da Biblioteca Escolar 2010 - A melhor capa

Uma capa é a montra de um livro. Ela pode ser decisiva sobre se o lemos ou não, por isso tem de ser muito apelativa.
Escolhe a mais interessante, entre as 16 capas que te mostramos, e responde enviando um comentário onde indiques as razões da tua escolha.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Dia da Biblioteca Escolar 2010


No âmbito da celebração do(s) DIA(s) DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES, teve lugar na BECRE, na passada sexta-feira, 22 de Outubro, uma singular sessão de leitura, dinamizada por uma encarregada de educação da turma 4 do 8º. ano, a partir de um conhecido texto de Almeida Garrett: "A Bela Infanta"
Esta iniciativa contou também com a intervenção da turma de Artes do 12º. ano que, além de criar e montar o cenário envolvente, participou na leitura dramatizada, ao lado dos colegas do 8º. ano. O seu entusiástico empenhamento, orientado pela professora de Desenho, contribuiu decisivamente para o sucesso desta actividade - um exemplo do trabalho da BECRE com recurso a parcerias diversas, cujo interesse foi reconhecido pelos alunos:

«Sendo eu do 12º. ano, deu para comparar a "Bela Infanta" de Almeida Garrett à Maria Madalena de Frei Luís de Sousa, ambas amarguradas, espantadas ao verem o seu marido. As duas histórias acabam por ser parecidas ...».

domingo, 24 de outubro de 2010

A República e os Judeus

Em tempo de comemoração do centenário da República, têm-se multiplicado as publicações de obras enquadradas no tema, mas esta tem para nós um significado particular, porque se trata de um trabalho da autoria de um professor da ESBF, que se orgulha de o ser, quando invoca a sua ligação à escola, num momento em que as atenções estavam focalizadas noutras vertentes do seu trabalho, situadas para além da sua intervenção na ESBF, onde se destaca o papel que tem tido como divulgador do patrono, uma personalidade que não tem merecido grande atenção por parte dos estudiosos da Primeira República.
A sala do arquivo da Câmara Municipal de Lisboa foi o espaço que acolheu o lançamento de mais este livro do Professor Jorge Martins, prefaciado por Miguel Real, escritor de múltiplas obras de cariz filosófico - a sua área de especialização - e romances históricos - o seu domínio de eleição. A apresentação foi particularmente enriquecida com as leituras do actor Jorge Sequerra, que teve a capacidade de se metamorfosear em personagens diversas, envolvendo a assistência com a força da sua dramatização.Sobre a obra evidenciamos algumas palavras escritas pelo autor do prefácio, justificativas da sua afirmação, na abertura do livro, de que esta publicação "constitui um verdadeiro acontecimento editorial", pois desde 1895 que "não se editava no nosso país uma história geral da comunidade judaica" :
"... Jorge Martins opera, assim, uma leitura cultural ou culturalista do judaísmo em Portugal (...) evidenciando, deste modo, que a diabolização dos judeus no nosso país constituiu (constitui ainda?) um mal histórico e cicvilizacional que, cometido por interesses de Estado, expresso de variadas formas e sob máscaras culturais e políticas diferentes, gerou uma cultura de teor culpabilizante (...) trauma psico-social, de que, diria Eduardo Lourenço, ainda não nos libertámos, aliás, tão mais potente quanto aparentemente mais invisível. (...) . Considera Miguel Real que o trabalho de Jorge Martins tem contribuído notavelmente "... para um esforço de purificaçãocolectiva da nossa memória cultural (...)".

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Autor de Outubro - Miguel de Cervantes

Homenagear um dos clássicos da literatura mundial, foi esta a razão que nos moveu a escolher Miguel de Cervantes para ser co-autor deste mês de Outubro, pese embora as dúvidas que persistem acerca da data do seu nascimento. Recordar a obra-prima "D. Quixote de la Mancha" é enaltecer o carácter simbólico e o poder inebriente da literatura consubstanciados na figura do fantasioso herói , sistematicamente confrontado com a dura realidade, que lhe vai sendo apontada pelo seu criado e companheiro de aventuras, Sancho Pança.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Autora de Outubro - Carolina Beatriz Ângelo

Apesar de ter vivenciado durante muito pouco tempo a experiência de viver em República, na medida em que a sua vida terminou abruptamente, aos 33 anos de idade, Carolina Beatriz Ângelo deixou a sua marca indelével no painel republicano, por ter sido a 1ª mulher a exercer o direito de voto, invocando a sua qualidade de chefe de família, uma mulher viúva e mãe, uma médica que constituiu um exemplo de inconformismo na luta pelos ideais republicanos e na dignificação da figura feminina.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Braamcamp Freire e a República

Na ESBF, a celebração do centenário da República acarreta necessariamente a projecção da figura do seu patrono - Anselmo Braamcamo Freire - tantas vezes omitido quando se mencionam as personagens e os locais de destaque no dia 5 de Outubro de 1910. No entanto, ele acompanhou de perto a evolução dos acontecimentos, assinando em primeira mão o documento que oficializou a mudança de regime em Portugal, naquele que foi o palco principal da proclamação da República: a Câmara Municipal de Lisboa.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Joanne Harris: a escrita dos sentidos

O lançamento de um novo romance trouxe a autora de Chocolate a Portugal . Vimo-la e ouvimo-la no programa Bairro Alto, onde respondeu de forma muito clara e convicta a todas as perguntas que lhe foram dirigidas:
- A teoria das cores foi dissecada e lançou-se um olhar pela construção das tramas e das personagens, tentando vislumbrar o universo da escrita de uma autora anglo-francesa que se projecta nos horizontes culturais próprios de cada uma dessas culturas.
Na sua Bibliografia contam-se já vários títulos que são casos de sucesso na produção literária, tendo como denominador comum o prazenteiro universo da culinária e de outras artes afins:
Quartos de Laranja
Na Corda Bamba
A Cozinha Francesa de Joanne Harris
Danças & Contradanças
Do Mercado para a sua Mesa
A Praia Roubada
O Rapaz de Olhos Azuis
Sapatos de Rebuçado
Valete de Copas e Dama de Espadas
Vinho Mágico
Xeque ao Rei

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Dia Europeu das Línguas


No dia 26 de Setembro assinalou-se mais uma vez o Dia Europeu das Línguas. Nesta data pretende-se chamar a atenção para a riqueza linguística da Europa: uma pluralidade de idiomas, representativos da diversidade de países e nações que constituem a Europa, onde se inclui também uma língua univesal - o esperanto
.
Na ESBF, os professores do departamento de Línguas e Literaturas participaram na mostra de trabalhos em francês, inglês e ... português que ocuparam as paredes dos pavilhões, principalmente do 1º. piso do bloco A.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Há vida na Biblioteca


Apesar de não terem ficado entre os três primeiros classificados, os alunos do 7º. 2 (ano lectivo de 2019/2010) que participaram no passatempo promovido pela Visão Júnior, com apoio do PNL e da RBE, apresentaram um conjunto de trabalhos, com destaque para a reportagem subordinada ao tema acima mencionado, que merece uma referência especial neste espaço.

A nossa biblioteca é um máximo! Todas as semanas temos actividades novas!
"Integrada no projecto educativo e curricular da escola, a BE/CRE é um elemento activo, constituindo um centro de recursos informativos, formativos e recreativos susceptíveis de interagir com as actividades educativas e que contribui decisivamente para atingir os objectivos do sistema educativo: o sucesso escolar dos alunos (...) "
16:16 Quinta feira, 16 de Set de 2010
Se quiserem ler a reportagem integral ou enviar algum comentário, podem aceder aqui ao documento em PDF.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Autor de Setembro - Aquilino Ribeiro

“Mais não pude” – eis o epitáfio de Aquilino Ribeiro - o escritor considerado um verdadeiro “obreiro das letras”, uma força da natureza em matéria de inventividade literária - denotada através da plasticidade da escrita, capaz dar voz a personagens e recriar ambientes absolutamente distintos - e da acção política, comprometida com a defesa da liberdade e dos valores republicanos, o que lhe custou o exílio em diversos momentos da sua vida.

Salienta-se o papel de Aquilino Ribeiro na defesa da dignidade profissional dos autores portugueses, criando a Sociedade Portuguesa de Escritores, em 1956, o que lhe granjeou o respeito e a admiração de um significativo grupo de autores que propuseram o seu nome para o prémio Nobel. Nos antípodas desta manifestação situou-se a atitude dos representantes do Estado português, salazarista, autoritário e cerceador das liberdades, incapaz de conviver com as imagens menos positivas do seu funcionamento e que, por isso, não aceitaram a publicação do romance Quando os lobos uivam, instaurando um processo-crime contra o seu autor, o que desencadeou uma onda de protestos apoiados por cerca de 300 intelectuais portugueses e algumas figuras estrangeiras, como François Mauriac e Louis Aragon.

domingo, 19 de setembro de 2010

Autor de Setembro - João Pinheiro Chagas

Em ano de comemoração do centenário da República destacam-se algumas figuras que deixaram a sua marca indelével no painel dos ideais e das realizações da Primeira República Portuguesa. O mês de Setembro abre com a referência a João Pinheiro Chagas, um apóstolo da ideologia republicana, ao serviço da qual colocou a sua escrita jornalística, para além da sua acção política.
Percorrer as páginas do Diário de João Chagas – nome pelo qual é vulgarmente conhecido – é vivenciar alguns dos momentos mais marcantes da experiência republicana dentro e fora de Portugal, dado que o seu autor foi também um diplomata e um exilado em períodos menos favoráveis à sua forma de ser republicano, em Portugal, como aconteceu durante o governo do “presidente-rei” Sidónio Pais.
“A,s oito horas da fria e invernosa manhã que hoje esteve fui esperar o Bernardino Machado, exilado, à estação do caes d,Orsay. (…) veio com duas filhas, a Maria e a Gigi, espavoridas como avesinhas que tivessem apanhado um temporal. (…) e logo ali se desentranhou em apresentações, impingindo-nos dois officiais portugueses que vinham com elle no mesmo compartimento e que tinham talvez contribuído para a sua deposição! (…)” Diário de João Chagas, Janeiro, 1918

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A.Manguel e a Leitura


Entrevista de Alberto Manguel ao jornal Público, aquando da sua passagem por Lisboa para participar no “Festival Silêncio!” que ocorreu em Lisboa no passado mês de Junho e onde o leitor/escritor falou sobre esse assunto sério que é a escrita/leitura, a pretexto de comentar a sua mais recente obra publicada Todos os Homens São Mentirosos, tendo como interlocutor outro senhor das letras, Francisco José Viegas.
Destacam-se alguns excertos:

Penso que somos animais leitores. Vimos ao mundo com uma certa consciência de nós próprios e do que nos rodeia e temos a impressão de que tudo nos conta histórias: a paisagem, o rosto dos outros, o céu, em tudo encontramos linguagem. Tentamos desentranhá-la, tentamos lê-la. Nesse sentido, não podemos existir enquanto seres humanos sem a leitura. Inventámos a linguagem escrita, a linguagem oral, para tentarmos comunicar essa experiência do mundo, para nos contarmos histórias e através delas, falar dessa experiência. (…)
Opinião do autor sobre o estudo dos clássicos:

Os grandes clássicos não foram escolhidos por ninguém; não há um comité que decide que Homero é importante. O que houve foram cem gerações de leitores que disseram que esse livro é importante. É isso que define o clássico, é a obra que não se esgota junto dos seus leitores. E isso continua a ser importante, embora muitos leitores – e muita gente – não o reconheçam. (…)

A nova geração continua a ter gosto pela leitura. Para o ser humano, o instinto de sobrevivência não se resume à necessidade de comer e beber; também inclui a necessidade de pensar. E isso é verdade seja onde for – aconteceu nos campos de concentração, acontece nas favelas mais pobres, acontece nas situações mais extremas. Continuamos a pensar, a criar, a interrogarmo-nos. E temos de lutar por isso. Não somos cegos; podemos dizer que não.

domingo, 22 de agosto de 2010

Da edição à leitura

Em tempo de férias, impõe-se também um certo afastamento da blogosfera, mas o contacto com os livros e a imprensa – o mundo em papel – que, por vezes, até se consegue reforçar, acaba por nos remeter sempre para esses outros espaços e suportes de que aqui vamos dando (alguma) conta. Foram estas descomprometidas incursões pelos periódicos mais conhecidos que nos conduziram até ao sítio mais “in” em matéria de política editorial e consequentemente também de divulgação de livros e leituras, onde se menciona também essa iniciativa particular de que eu muito gostaria de ter usufruído: a generosa oferta de livros do “bibliotecário de Babel”, José Mário Silva. Deixamos a nota e ficamos a aguardar os comentários do organizador e, eventualmente, dos herdeiros do seu espólio literário.

No silêncio das palavras de Orhan Pamuk

Que leituras nos têm entretido nos dias mais escaldantes ou nas noites mais prolongadas deste Verão de 2010? Destaco “a casa do silêncio” de Orhan Pamuk, que me deixou um travo amargo e um suspiro sufocado, devidos ao confronto permanente com a implacável marcha de todos os tempos que enformam e informam o nosso percurso de vida e o daqueles que connosco se vão cruzando e com quem partilhamos experiências e projectos.
Um livro que nos fala de um espaço, na Turquia, em diversos tempos e por várias vozes, pelo que o título do autor afigura-se-nos um paradoxo: um “silêncio” prenhe de gritos e vozes.
A temática da viagem é central nesta narrativa de O. Pamuk, que foca a deslocação para novos/diferentes percursos ou, utilizando a comparação que encerra a história deste romance, a abertura de novos capítulos. Foi simbolicamente que me aproximei deste romance do autor e o seu desfecho, associado ainda à data de conclusão do processo de escrita, veio sublinhar ainda mais esta relação simbólica (p. 313):

Porque, como repito agora, deitada na minha cama tantos anos depois, não se pode recomeçar a vida; esta viagem de sentido único, uma vez terminada, não pode ser reiniciada, mas se tiver um livro na mão, mesmo que seja um livro confuso e misterioso, podemos lê-lo, terminá-lo e, depois, podemos recomeçá-lo desde o início, se quisermos, podemos relê-lo, para compreendermos o que é incompreensível, para percebermos o que é a vida, não é Fatma?

1980-1983

Pelo que me foi dado perceber, esta não é uma obra emblemática da produção literária do autor, galardoado com o Nobel em 2006 , pelo muito que os seus escritos e reflexões têm contribuído para a revelação da riqueza e diversidade cultural da Turquia, um país onde se (entre)cruzam e realizam os mundos ocidental e oriental, dando uma expressão muito própria a essas múltiplas influências culturais; não obstante são já bem visíveis os traços da linha que norteará a sua intervenção pessoal e profissional.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Poetar - Luís Amorim de Sousa

O encontro de dois poetas portugueses, duas referências importantes da lusofonia, é assunto de mais um programa "Cãmara Clara", que nos apresentou o autor de Crónica dos dias tesos - uma obra onde a fome e o desejo ocupam um mesmo lugar preechendo toda a vida dos personagens, que se confunde com a do próprio autor,Luís Amorim de Sousa .
As referências de África não deixaram marcas profundas nestes autores, crescidos em Moçambique mas aspirando sempre pelo regresso à cultura europeia, admirada a partir de Inglaterra, onde acabou por falecer o poeta Alberto Lacerda, delegando no convidado do "Câmara Clara" e companheiro de muitas tertúlias, a missão de cuidar e divulgar o seu espólio. Esta função constituiu um (pre)texto para a conversa com Luís Amorim de Sousa, cuja poesia revela um conjunto de emoções contraditórias como as que se registam no poema seleccionado:

Inesperadamente
já não te espero ver quando abro a porta
mas ainda esbarro com a tua ausência

é tudo o que não foste
o que não fomos
que me atravanca os dias

o espelho em que me vejo empalidece
como um retrato antigo

sinto-me longe

é quinta feira
Março
o tempo não levanta

de resto aprendo que a monotonia
é apenas isto
o regressar contínuo
ao vazio das coisas

(Ultramarino, Luís A. de Sousa)

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Homenagem a José Saramago

"Mais uma fonte que secou. (hoje não há mais fontes)" - diz Lurdes Cardoso (professora), em jeito de desabafo, revelando desta forma o seu pesar pelo desaparecimento físico do escritor que nos serviu de inspiração para alguns, ainda que escassos (muito menos do que o teríamos desejado), encontros de professores que decidiram partilhar leituras relacionadas com a temática abordada no último livro de José Saramago: "Caim". Sendo já tão poucos os assuntos que suscitam um debate sério e realmente participado, acreditámos ser este um tema com potencial interesse, capaz de irradiar polémica e alimentar reflexões provenientes de diversos sectores da sociedade. Porém, passado o ruidoso impacto que acompanhou o lançamento do livro, a importância do assunto cedeu à pressão da novidade e imediatismo das notícias. Outrossim, o nosso "clube de leitura", dinamizado pelo professor José Carlos Almeida não conseguiu resistir aos imperativos do tempo e às exigências de uma prestação continuada para alimentar o blog criado para o efeito, não se esfumando porém o interesse pela partilha de leituras, encetado com a discussão desta obra de Saramago de que destacamos um excerto, pouco representativo da temática nuclear mas transversal a todos os textos e, em nosso entender, manifestação da dimensão eminentemente metalínguística da sua escrita:
«Como tudo, as palavras têm os seus quês, os seus comos e os seus porquês. Algumas, solenes, interpelam-nos com ar pomposo, dando-se importância, como se estivessem destinadas a grandes coisas, e, vai-se ver, não eram mais que uma brisa leve que não conseguiria mover uma vela de moinho, outras, das comuns, das habituais,das de todos os dias, viriam a ter,afinal, consequências que ninguém se atreveria a prever, não tinham nascido para isso, e contudo abalaram o mundo.» (Caim, p. 55)

Num outro registo, sublinha-se o sentimento religioso deste homem que se afirmava ateu (ou agnóstico?) mas que reconhecia o extraordinário interesse e influênciada dimensão religiosa na constituição da matriz da sua identidade literária e pessoal.

"Tudo chega quando tem de chegar" - afirmação de uma suprema racionalidade que acompanha a con(vivência) com um quotidiano difícil e que se arrasta em riruais pouco criativos que exigem grande determinação e tenacidade para continuar em frente, detendo-se somente nos factos relevantes e prosseguindosempre no cumprimento de um dever para consigo próprio, que se assume quase como uma fé.

Retomando a opinião da colega Lurdes Cardoso: lirismo, ironia, apuradíssimo sentido crítico,cultura, sabedoria popular gosto pela transgressão - tudo isso ficou nos livros dele. E deixa-nos com uma citação de O Conto da Ilha Descolnhecida:

" Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar"