domingo, 19 de abril de 2009

Narrativa aberta: múltiplos desenlaces




Os professores de Língua Portuguesa lançaram o desafio às turmas do 8º. ano no sentido de continuarem um texto do manual da disciplina - um excerto da obra A Rosa do Egipto, da autoria de Álvaro Magalhães -, e escreverem o desenlace que considerassem mais adequado, de acordo com algumas indicações apresentadas pelas autoras do manual. Posteriormente, os professores seleccionaram os melhores trabalhos de cada uma das turmas para serem apresentados oralmente aos colegas, na biblioteca, no dia 23 de Março de manhã. Esta actividade, desenvolvida no âmbito da "Semana Cultural", reuniu alunos das várias turmas do 8º. ano, acompanhados pelos respectivos professores de Português e resultou num momento de leitura muito interessante, marcado pela originalidade dos trabalhos e por uma participação empenhada dos alunos.

Os alunos do 8º. 5 deixaram-nos o trabalho:

O Faraó Tutancámon
O Egipto está repleto de maravilhas e mistérios desde o primeiro grão de areia até à ponta das pirâmides.
No meio do deserto existia uma casa do Egipto que tinha um quarto que cheirava a canela e a baunilha, o mais importante de toda aquela casa, por isso destinava-se simplesmente ao faraó.
Quem se atrevesse a deitar na cama de madeira de talha dourada, podendo ser ou não ser cego, era condenado à morte.
Nesse quarto existia a fonte de vida do faraó – a rosa azul. Para ele, o importante era a rosa, porque se alguém lhe tocasse, seria destruído e morreria.
Um dia, um dos escravos do reino, revoltado por sofrer maus tratos, entrou no tal quarto e, sabendo da lenda da rosa azul, superando todas as armadilhas e obstáculos, conseguiu alcançá-la e, arrancando-a da fonte, provocou a morte do faraó. Mas, quando o escravo retrocedeu no caminho, morreu também, caindo numa das armadilhas que existiam para proteger o quarto de intrusos.
Na agência funerária do Egipto, não se conseguia descobrir, perceber ou encontrar uma causa concreta para as duas mortes. Todas as pessoas do reino comentavam entre si e julgavam tratar-se de dois suicídios, pois ninguém sabia da existência da rosa e da influência que ela tinha junto do faraó. Também nunca se desvendou o mistério de o escravo conhecer a sua existência e da maldição relacionada com ela, pois nem os súbditos nem os aios e nem sequer a própria mulher do faraó, sabiam deste enigma.
A vida, depois da morte do faraó, transformou-se num enorme cataclismo para o Egipto, pois multiplicaram-se os conflitos dentro e fora do país, provocando sobretudo muitas mortes, entrando o reino em decadência. Assim, a civilização egípcia, ao perder o seu líder, foi perdendo a sua riqueza e o seu esplendor.
-Esta história foi verdade! Juro-te! – Dizia o Simão para o Senhor Basílio, enquanto estavam sentados numa pizzaria, a discutir o antigo Egipto.
O empregado de mesa interrompeu a conversa, perguntando qual iria ser o pedido dos dois amigos. Responderam que queriam uma pizza para o Senhor Basílio e, para o Simão, uma Lasanha.
O Senhor Basílio era um velho sábio apaixonado pelo Egipto e o seu maior sonho era ter sido arqueólogo, para poder organizar espectaculares escavações e descobertas a grandes cidades egípcias soterradas no deserto. Como nunca tivera filhos nem netos, e conhecia o Simão desde bebé, ganhara-lhe um carinho especial, até porque eram vizinhos. O Simão aproveitava todo o seu tempo livre para se juntar a ele e fantasiarem juntos factos sobre esta civilização.
No fim da refeição, o Senhor Basílio acompanhou o amigo até casa.
Ao jantar, o rapaz especulava, animado, sobre o tema do Egipto, procurando interessar os pais pela conversa que tivera com o Basílio. No entanto, estes não prestavam grande atenção pois não gostavam muito do amigo do filho devido à sua obsessão pelo Egipto. Por isso, outra vez, a família do puto não o deixava sonhar com as maravilhas e os mistérios do Egipto. Uma das histórias relatadas pelo Basílio dizia respeito a uma casa mágica, situada algures no bairro onde viviam; era esta a que mais apaixonava e intrigava o nosso amigo.
Na manhã seguinte, o Simão encheu-se de coragem e decidiu ir procurá-la. Sabia que era a casa mais antiga das redondezas e que, na fachada, possuía desenhos de um pequeno escaravelho a espreitar por entre uma floresta de cactos. Contudo, só quando o sol incidia, directamente, no frontão da porta é que se conseguia identificar o desenho. Tendo, finalmente, situado a casa, e acreditando que lá dentro encontraria o mundo egípcio, o Simão decidiu entrar, muito embora receasse esta casa maldita.
Quando lá entrou, encontrou o túmulo do faraó, que estava guardado por uma mulher ricamente vestida a quem chamaram dama de negro, até mesmo as suas numerosas jóias emitiam um brilho de tonalidade escura. Tudo tinha um ar aterrador e causava sensações estranhas a quem observasse tanto o faraó morto como a sua guardiã. O seu luxuoso vestido vermelho espreitava por debaixo do manto negro, contrastando com as suas mãos cheias de crostas e ensanguentadas, acorrentadas a um gigantesco cadeado prateado situado na testa do faraó, no qual estava gravada a seguinte frase:
“Quem se atrever a tocar no faraó e na dama, será condenado e amaldiçoado, morto da forma mais dolorosa possível! “
O Simão, como era muito corajoso, não deu muita importância àquele aviso e, propositadamente, aproximou-se deles, tocou na dama, no faraó e na sua fonte de vida que se encontrava ao lado do túmulo – a rosa do Egipto. Muito curiosamente, não lhe aconteceu nada e seguiu em frente o seu caminho para desvendar este enigma.
Entretanto, o menino Martins e o velho Felício, também amicíssimos do Simão e conhecendo a sua paixão e atracção pelo Egipto, tinham decidido fazer-lhe uma visita. Ao darem por falta dele, decidiram procurá-lo na casa maldita, pois já suspeitavam que seria aí que o poderiam encontrar.
Procuraram a dita casa e, enchendo-se de coragem, entraram. Tal como o Simão avistaram logo a dama de negro, o faraó e a rosa do Egipto.
Ignorando a maldição, tocaram ao de leve nas mãos do faraó. Não tiveram tanta sorte como o Simão. Tal como estava escrito no cadeado, foram castigados duma forma dolorosa e caiu sobre eles uma maldição: No dia do seu próximo aniversário, morreriam envenenados.
Entretanto, nas traseiras da casa, o Simão encontrara uma passagem secreta para o vale dos reis: o maior e mais maravilhoso cemitério de faraós, com enormes pirâmides, situado nas margens do rio Nilo.
É claro que o Simão ficou logo maravilhado com a sua nova descoberta e começou a explorar, encontrando a maior variedade de nomes de faraós, seus reinados e suas famílias. Até estava a ser bem divertido pensar o quanto ele iria ser famoso e rico devido àquelas importantíssimas descobertas!
Lá no fundo, contudo, bem escondida, estava uma intrigante, curiosa, maravilhosa mas um pouco assustadora pirâmide. Como aventureiro e sonhador que era, o Simão aproximou-se e leu a gravação nas paredes - era o enigma da pirâmide.
O Simão percebeu que, quem se atrevesse a entrar, seria assassinado pelo frio da morte. Este frio era o resultado de todos os espíritos daqueles faraós que tinham cometido pecados gravíssimos para com o seu reino e por penalização, tinham sido sepultados vivos. No topo da pirâmide, podia observar-se a rosa azul do faraó, que morrera quando o seu escravo a arrancara da fonte. Era extraordinário! O Simão via a lenda tornada realidade!
Ao lado da rosa do faraó podia ver-se outra, em honra do escravo corajoso que tentara lutar contra a tirania dos poderosos do Egipto; constituíam as duas rosas do Egipto.
Para o rapaz, era um sonho! Poder ver que as histórias maravilhosas do Basílio tinham sido reais e que, devido a algum tipo de magia antiga, ele tinha a sorte de poder visitar o local onde tudo acontecera.
Para pôr um ponto final a esta história, alguém muito corajoso tinha de subir ao topo da pirâmide e, destruindo as duas rosas do Egipto, fazer com que todos os espíritos que habitavam dentro delas desaparecessem.
Então, o Simão, após várias tentativas, conseguiu desvendar o enigma da pirâmide e, vendo as duas rosas no seu topo, subiu lá acima sem temer ou pensar nas consequências. Foi aí que o espírito do faraó Tutankhamon, o tal que tinha sido morto pelo escravo, apareceu e, atirando o Simão pela pirâmide abaixo, disse:
-“Todos os pobres vão para o céu!”
Nesse momento, todos os pobres da cidade morreram, cumprindo-se as palavras do faraó. Apesar de muitas investigações, até hoje ninguém tem resposta para o estranho acontecimento. Mais ninguém ousou entrar naquela casa que permanece fechada e inabitada; ouvem-se, por vezes, uns lamentos e choros que arrepiam toda a vizinhança; dizem que, quem passar por aquela rua e resolver aproximar-se deste local, será assassinado brutalmente pelo faraó Tutankamon…

Ana Filipa Ruel Pinto Coelho nº3
Catarina Maria Branco Fernandes nº6
Catarina Pereira Leite Teodósio nº7
Cátia Carina Rodrigues Lopes nº8






1 comentário:

Anónimo disse...

nao presta isto