segunda-feira, 28 de abril de 2008

Palavras da Terra


Esta exposição, produzida pelo Instituto do Livro e das Bibliotecas, é constituída por um conjunto de 25 cartazes que propõem uma viagem pelas províncias portuguesas, do Minho ao Algarve, sem deixar de lado as ilhas atlânticas, aliando à beleza natural e cultural das Terras algumas Palavras de autores portugueses consagrados: Guerra Junqueiro, Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco, Antero de Quental, Aquilino Ribeiro,Miguel Torga, Natália Correia, Florbela Espanca, Fernando Pessoa,Vergílio Ferreira, Teixeira de Pascoaes, Lídia Jorge, figuram entre os nomes que assinam os textos que emolduram as belezas das terras de Portugal.
Deixamos alguns excertos para que adivinhem os lugares a que os autores se referem.

(...) Árvores! Não Choreis! Olhai e vede:
- Também ando a gritar, morta de sede
pedindo a Deus a minha gota de água!
Florbela Espanca

Ah, todo o cais é uma saudade de pedra!
Fernando Pessoa

A luz é doce sobre os telhados de um vermelho estagnado (...) Há naquela velhice de bairros cruzados e lôbregos, naqueles edifícios presidiais uma paixão e um selo de resistência.
Agustina Bessa-Luís

À força de sentir a imensidade
deste horizonte em círculo infinito,
converti-me na estátua da saudade,
ou num bloco de granito.
Teixeira de Pascoaes

sexta-feira, 4 de abril de 2008

O escritor do mês de Abril

Mário de Carvalho (Lisboa, 25 de Setembro de 1944)
Licenciou-se em Direito pela Universidade de Lisboa em 1969. A luta antifascista acaba por conduzi-lo à prisão e mais tarde ao exílio em França e na Suécia, regressando a Portugal somente após o 25 de Abril de 1974.
A sua estreia literária dá-se em 1981 (Contos da Sétima Esfera), tendo desde aí publicado regularmente numa grande diversidade de géneros: romance, drama, contos, guiões.
A sua escrita é extremamente versátil e torna-se impossível incluí-lo numa escola literária. A crítica considera-o um dos mais importantes ficcionistas da actualidade e a sua obra encontra-se traduzida em várias línguas.
Recebeu diversos prémios, podendo-se destacar, na sua bibliografia, o romance histórico, Um Deus passeando pela brisa da tarde, que constitui o seu melhor sucesso de vendas e que mereceu a aclamação da crítica, tendo sido distinguido com o Grande Prémio da APE (romance) 1995, o Prémio Fernando Namora 1996 e Prémio Pégaso de Literatura do mesmo ano.

“Sou um leitor, como sempre fui, completamente eclético, anárquico, capaz de deixar, muitas vezes, um livro a meio, e depois voltar a pegar-lhe… Capaz de debicar aqui e além.” Mário de Carvalho, em entrevista à Visão, 6 /3/2008 (p. 106)

"Oiço a minha mãe a escrever"

Ana Maria Magalhães é co-autora dos livros da colecção "Uma Aventura", entre outros títulos de literatura infantil e juvenil que continuam a ter a preferência de muitos alunos no início do 3º. ciclo de escolaridade.
No decurso de uma conversa que tivemos, em sua casa, com o propósito de a conhecer e entender melhor os meandros da escrita a duas mãos que mantém, há mais de 25 anos, com a Isabel Alçada, a autora transmitiu esta observação do seu filho, ainda criança, quando as via a trabalhar :
" Oiço a minha mãe a escrever..."
Satisfazendo a nossa curiosidade, explicou-nos que se trata de uma actividade cuidadosamente planificada, no que respeita à estrutura de cada obra, mas executada com uma dupla espontaneidade criativa, somente possível entre pessoas unidas por fortes e múltiplas afinidades.
Uma literatura preparada, vivenciada, falada, escrita e emendada a duas mãos, resulta num trabalho mais divertido e apetitoso.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Do conto para o teatro

«Quando Ghenghi, o Resplandecente, o maior sedutor que jamais surpreendeu a Ásia, atiungiu os cinquenta anos, deu-se conta de que tinha de começar a morrer. (...) A sua terceira esposa, a Princesa do Palácio do Poente, enganara-o com o genro, tal como ele enganara o pai nos seus tempos de juventude com uma imperatriz adolescente. Representava-se a mesma peça no palco do mundo, mas desta vez sabia que lhe estava apenas reservado o papel de velho, e a semelhante personagem preferia a de fantasma. Por isso mesmo distribuiu os seus bens, reformou os seus servos e preparou-se para acabar os seus dias num eremitério que tivera o cuidado de mandar construir na encosta da montanha. (...) »


Adaptação do conto “O último amor do príncipe Genghi” de Marguerite Yourcenar

1ªcena – (no Palácio imperial)
Decisão do Príncipe
Personagens: Genghi ; servos; mulheres; fiéis seguidores

2ª cena - (no eremitério)
A decadência de Genghi
Personagens: Genghi ; carteiro

3ªcena – (no eremitério)
1ª visita da Dama-da aldeia-das flores-que-caem
Personagens: Genghi; dama

4ª cena – (no eremitério)
2º visita da Dama-da aldeia-das flores-que-caem
Personagens: Genghi; dama

5ª cena – (no ermitério)
monólogo- reacção de Genghi à visita de “Ukifune”
Personagem: Genghi

6ª cena – (no eremitério)
3ª visita da Dama-da aldeia-das flores-que-caem
kPersonagens: Genghi; dama

7ª cena (nova)
Genghi pronuncia o nome da Dama-da-aldeia-das-flores-que-caem
Personagens: Genghi; dama

Sexta-feira, 14/3/2008, 10h.05, sala F1 - Uma produção do 10º 3ª para a Semana Cultural
Escola Secundária Braamcamp Freire
(adaptação escrita pela professora Lurdes Cardoso)

Inés da minha alma - texto crítico

Inés da Minha Alma é um romance da escritora Isabel Allende publicado em 2006 pelo CÍRCULO DE LEITORES onde a imaginação não está sozinha, já que muitos dos episódios retratados são factos históricos.

A história é narrada pela personagem principal, Inés Suárez, uma mulher espanhola que, por volta dos 70 anos, sentindo-se perto da morte, decide fazer um relato escrito da sua vida para deixar à sua filha, Isabel, e aos seus descendentes. Durante a sua vida, no século XVI, Inés parte para a América onde conhece e se apaixona por Pedro de Valdivia com quem decide partir numa expedição por ele comandada com o objectivo de conquistar um novo território, o Chile, ao serviço da Coroa espanhola. Por aqui podemos perceber que a guerra é um dos temas com mais destaque nesta obra, mas também o amor está bem presente. Esta associação de temas tão contraditórios faz desta uma obra diferente.
Outra coisa pouco comum neste livro, é o facto de, sendo a guerra um tema tão presente, a personagem principal ser uma mulher. A verdade é que Inés Suárez não era uma mulher comum na sua época e podemos dizê-lo tendo em conta o papel fundamental que teve na conquista do Chile: curou feridos de guerra e doentes, cozinhou, ajudou a erguer a cidade de Santiago do Chile e a fundar grande parte dos seus edifícios e, para além disso, combateu em algumas batalhas. Inés foi, portanto, uma mulher corajosa, inteligente, forte e que, neste livro, representa também o papel das mulheres nas conquistas.
Esta obra permite ao leitor ficar a conhecer também um pouco melhor o modo de vida e a maneira de pensar daquela época. Mostra ainda os esforços feitos para se conseguir conquistar um território e os abusos cometidos para civilizar os povos indígenas.
Apesar de a história ser, no geral, bastante boa e as personagens muito interessantes, o livro torna-se um pouco difícil de ler, devido às descrições serem, por vezes, demasiado pormenorizadas. Existem, contudo, outras partes em que a leitura se torna entusiasmante, como, por exemplo, nalgumas das batalhas passadas no Chile, em que se deseja sempre chegar ao fim para saber quem são os vencedores e os derrotados.
Inés da Minha Alma é um livro bastante interessante e uma boa aposta de leitura para quem gosta de histórias sobre temas como o amor ou a guerra e onde a ficção e a realidade se juntam, obrigando o leitor a imaginar que uma parte dos episódios relatados e das personagens que neles participam foram reais.
Joana (10º. 5)